Apuração realizada durante esta
semana revelou que o número de feridos entre o povo Gamela, atacado no
último dia 30 em uma área retomada no Povoado das Baías, município de
Viana (MA), é ainda maior: 17 Gamela sofreram algum tipo de ferimento –
entre estes indígenas, duas crianças e um pré-adolescente. Somados aos
cinco baleados, chega a 22. O dado anterior a esta verificação dava
conta de 13, sem os cinco Gamela feridos a tiros – três seguem
internados no Hospital Central, em São Luís.
Dentre os não feridos a tiros, Dilma
Cotrim Meireles Gamela é o caso que apresentou maior gravidade médica.
Durante o ataque sofrido pelos Gamela numa área de retomada, Dilma levou
pauladas e pedradas na cabeça. Passou a ter vômitos, tontura,
desorientação. Na quarta-feira, 2, a indígena precisou realizar exames
no Hospital Central e terminou internada, recebendo alta no início da
noite desta sexta-feira, 5. Dois filhos de Dilma – J.M.S, de 14 anos, e
N.M.S, de 12 anos – também acabaram feridos durante o ataque.
Os ferimentos apresentados pelos 17
Gamela não atingidos por armas de fogo foram causados por facões,
pauladas, pedradas e escoriações ocorridas durante a fuga. I. D, de 10
anos, teve uma arma apontada contra a cabeça. “Ela ficou parada,
parecendo em estado de choque. Não se mexia. Teve de ser arrastada no
meio dos tiros e sofreu uns arranhões”, explica Maria das Dores Gamela,
uma das feridas – levou uma paulada nas costas e cortes na perna
esquerda no momento em que passava por uma cerca de arame farpado.
Leia na íntegra a lista de feridos e baleados:
1 – Benedito Lourenço Baía Filho;
2- Leonete Mendonça dos Santos;
3- João Pereira Silva;
4- Raimundo Pereira Meireles;
5- Ademir Meirelles;
6- Carla Pereira;
7- Maria Raimundo;
8- Dilma Cotrim Meireles;
9- J.M.S, de 14 anos;
10- N.M.S, de 12 anos;
11 – Ronilson (sobrenome não localizado);
12 – João dos Santos;
13- I.D, de 10 anos;
14- Laércio Mendonça Reis;
15- Jacineva (sobrenome não localizado);
16- Jaudo Gamela;
17- José Oscar Mendonça.
Baleados e mãos amputadas:
1.Aldenir de Jesus Robeiro – baleado e duas mãos amputadas;
2. José Ribamar Mendes – baleado e mão direita amputada;
3. José André Ribeiro – baleado;
Com alta médica:
4. Francisco Jansen – baleado;
5. Inaldo Cerejo – baleado.
Por Renato Santana, da Assessoria de Comunicação – Cimi | De Viana, Maranhão
Foto: Ana Mendes/Cimi
CARTA DE DOM ROQUE NA 55ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB
“Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança.” (Mt 5,5)
O cenário político indigenista vivido no
Brasil é caótico. O risco iminente de retrocessos contra os direitos
indígenas, de modo especial ligados ao território, é alto. O agravamento
das violações de direitos humanos dos povos indígenas no Brasil é
evidente.
As ameaças e ataques anti-indígenas
ocorrem nos três poderes do Estado Brasileiro. Favorecidos com doações
milionárias de grandes corporações, inclusive multinacionais, o
ruralismo saiu ainda mais fortalecido das urnas, em 2014. O impeachment,
de 2016, permitiu aumentar o ataque contra os povos indígenas em todo o
território nacional.
A bancada ruralista, que já exercia forte pressão sobre o governo Dilma,
agora assumiu, por completo, a condução política do governo Temer.
Diferentes órgãos foram ocupados por pessoas com posicionamentos
antagônicos aos povos indígenas, quilombolas, demais comunidades
tradicionais e camponeses sem terra.
Até mesmo o Ministério da Justiça, que
tem papel fundamental na condução dos procedimentos administrativos de
demarcação das terras indígenas, foi assumido por um membro da bancada
ruralista, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 215/00, principal instrumento legislativo
contra os direitos territoriais dos povos indígenas no Brasil.
O Ministro da Justiça destaca-se por ser
um operador orgânico, empenhado nas ações que visam a desconstrução dos
direitos dos povos indígenas no Brasil. Corporações empresariais ligadas
ao agronegócio foram as principais financiadoras de sua campanha à
Câmara dos Deputados. Como ministro do governo Temer, é o representante
do núcleo duro da bancada ruralista, setor que atua de modo articulado,
sistemático e violento no ataque aos povos e direitos indígenas.
Pelo enxugamento de recursos e
descompromisso político, o governo Temer paralisou os procedimentos
administrativos de demarcação das terras indígenas. Desde que assumiu o
governo, em maio de 2016, nenhuma terra indígena foi homologada pelo
Presidente e sequer declarada pelo Ministro da Justiça.
O Executivo federal também demitiu
funcionários e cortou o orçamento da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Com isso, mais de cinquenta coordenações técnicas locais e ao menos
cinco bases de proteção a povos isolados e de recente contato estão
sendo fechadas pelo órgão indigenista.
O enxugamento da máquina governamental
configura a desproteção dos povos indígenas, perpetua situações de
vulnerabilidade sócio cultural, conflitos e violências enfrentadas pelos
povos, de modo especial nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Noroeste
do país. Também favorece a invasão, loteamento e apossamento ilegal de
terras indígenas já demarcadas; ao mesmo tempo em que fortalece o risco
de genocídio contra diversos povos isolados, de modo especial na região
Amazônica.
No Judiciário, de modo especial no
Supremo Tribunal Federal (STF), há intensa disputa em torno da
interpretação do atual texto constitucional. Os ruralistas e alguns
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendem a tese
político-jurídica do Marco Temporal, segundo a qual os povos somente
teriam direito às terras nas quais estavam na posse em 05 de outubro de
1988, data da promulgação da Constituição Brasileira. Naquele momento,
muitos povos indígenas estavam encurralados em terras não demarcadas e
impedidos de reivindicar seus territórios. Trata-se de matéria de
profunda importância e gravidade. Eventual decisão majoritária do STF em
favor dessa tese, significará, na prática, a legalização e legitimação
de todas as ações violentas, cometidas por forças privadas e pelo
próprio Estado brasileiro, até aquela data, que resultaram em expulsões
dos povos de suas terras.
A mera possibilidade de legitimação dos
esbulhos de terras indígenas cometidos até outubro de 1988, tem servido
para insuflar a prática de novas invasões, loteamentos e apossamentos
ilegais de terras indígenas já demarcadas, práticas que estão em curso
especialmente nos estados de Rondônia e Pará.
Perseguições ao Cimi, seus membros e
colaboradores: A CPI do Cimi no Mato Grosso do Sul e a CPI da
Funai/Incra na Câmara dos Deputados.
No advento dos 45 anos completados no
último dia 23 de abril, o Cimi tem a alegria de informar sobre o
arquivamento, por parte do Ministério Público Estadual (MPE) e
Ministério Público Federal (MPF), do Relatório produzido pela CPI do
Cimi no Mato Grosso do Sul. A Comissão Parlamentar de Inquérito criada e
conduzida por parlamentares ruralistas invadiu a vida institucional do
Cimi, de membros e colaboradores da organização durante oito meses, no
período de setembro de 2015 a maio de 2016.
Ao longo de todo esse tempo, acusações
marcadamente falaciosas foram amplamente divulgadas como se verdade
fossem por diferentes veículos de comunicação, inclusive pela TV pública
da própria Assembleia Legislativa daquele estado. Imagens de
missionários e seus familiares e crianças foram divulgadas sem o menor
respeito.
O arquivamento do Relatório da CPI do
Cimi pelos órgãos de controle do Estado brasileiro demonstra que a luta
por direitos e em defesa da Vida no Brasil não é e não pode ser tratada
como crime em nosso país. Com o arquivamento do citado Relatório, fica
novamente demonstrado, mais uma vez, que o Cimi, seus membros e
colaboradores atuam, única e exclusivamente, dentro dos marcos
político-legais vigentes no Estado brasileiro.
A motivação central do arquivamento do
Relatório da CPI, a saber, por falta de provas, materializa o fato de
que as acusações desferidas por parte de representantes do agronegócio
sul mato-grossense contra o Cimi, seus membros e colaboradores tinham
exclusivo viés político-ideológico e se deram num contexto de
perseguição, tentativa de criminalização e na intenção de provocar danos
morais contra uma organização reconhecida, nacional e
internacionalmente, pelo compromisso com a vida dos povos indígenas e de
uma sociedade plural e democrática.
Nesse contexto, o Cimi chama a atenção
para o fato de que o referido Relatório, devidamente arquivado pelos
Ministérios Públicos Estadual e Federal no Mato Grosso do Sul, foi
requerido e pode estar sendo ‘requentado’ pelos ruralistas no âmbito da
CPI da Funai/Incra na Câmara dos Deputados. O relatório desta nova CPI
provavelmente será aprovado ainda neste mês de maio de 2017.
Por evidente, eventual menção e retomada,
pela CPI da Funai/Incra, de acusações dirigidas ao Cimi, a seus membros
e colaboradores que foram arquivadas junto com o Relatório da CPI do
Cimi no Mato Grosso do Sul, significará prática recorrente, de modo
consciente e deliberado, por parte de seus autores, de perseguição
política, tentativa de criminalização e provocação de danos morais
contra a organização, seus membros e colaboradores.
Cumpre lembrar que estas estratégias de
acusações infundadas e tentativas de linchamento moral contra o Cimi não
são inéditas. No advento do processo Constituinte, em 1987, na
tentativa de desqualificar a luta dos povos indígenas pela garantia de
seus direitos no texto Constitucional, o Cimi também sofreu um duro
processo de acusações públicas feitas por meio do Jornal Estado de São
Paulo. As acusações desembocaram numa Comissão Parlamentar de Inquérito
no Congresso Nacional. Na ocasião, ao longo do funcionamento da CPI foi
comprovado o caráter totalmente fraudulento dos documentos que embasavam
as acusações contra o Cimi. Composta por maioria contrária ao Cimi e à
causa indígena, a CPI finalizou sem a votação do relatório que
necessariamente inocentaria o Cimi.
Incidência junto a Organismos Multilaterias em defesa da causa indígena no Brasil
Diante do caos vivido no Brasil quanto às
violações de direitos humanos provadas por representantes dos
interesses do agronegócio, bem como, do absoluto controle político das
estruturas legislativas e de governo no Estado brasileiro pelo mesmo
setor, a atuação política junto a organismos multilaterais em defesa dos
direitos e da vida dos povos indígenas ganha ainda mais importância.
Neste sentido, o Cimi tem mantido
presença, por meio de seus missionários, e contribuído para garantir a
participação de lideranças indígenas em diferentes espaços de incidência
internacional, tais como: o Fórum Permanente da ONU sobre Povos
Indígenas, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, as representações
diplomáticas do Brasil junto à ONU e à OEA; a Relatoria Especial da ONU
para Povos Indígenas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, ligadas à
Organização dos Estados Americanos (OAE).
Destacamos, neste contexto, a atuação do Cimi, por meio de suas
assessorias e missionários, no Caso Xucuru, que está em julgamento na
Corte Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, e a apresentação de
denúncia formal sobre violações e violências sofridas pelos Guarani
Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, junto à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, em conjunto com organizações parceiras, em 2016.
Importante salientar ainda, que, em 2016,
o Cimi obteve o Status Consultivo Especial no Conselho Econômico e
Social da ONU. O fato atesta o reconhecimento da Organização das Nações
Unidas relativamente à atuação do Cimi em defesa da Vida e dos direitos
dos povos indígenas no Brasil e fortalece a missão e a responsabilidade
do Organismo de Pastoral junto a instâncias multilaterais.
A visita ao Brasil e o Relatório
produzido pela Relatora Especial da ONU sobre povos indígenas, Victoria
Tauli Corpus, em 2016, em que constam informações sobre violações e
violências cometidas, especialmente, contra povos indígenas no Mato
Grosso do Sul, Bahia e Pará, bem como as recomendações feitas pela mesma
, atestam a gravidade da situação vivida pelos povos indígenas em nosso
país.
Os ataques violentos feitos por
milicianos de modo organizado e com requintes de crueldade, desferidos
após a visita da Relatora Especial da ONU e já no contexto do Governo
Temer, especialmente nos casos do conhecido “Massacre de Caarapó”,
contra os Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul em junho de 2016, e o
ataque contra os Gamela, neste domingo 30 de abril de 2017, no Maranhão,
demonstram o agravamento da situação e a total desconsideração às
normas legais vigentes no Brasil e às recomendações de organismos
internacionais por parte de representantes do agronegócio no Brasil.
Parece-nos fortemente paradoxal e não
razoável o fato de que uma notícia, por exemplo, sobre a ocorrência de
eventual caso de febre aftosa em um boi numa determinada região do
Brasil provoque restrição, suspensão e até mesmo o fechamento dos
mercados à importação de carne bovina brasileira, ao mesmo tempo em que
notícias como o massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no Pará, em
1997, o Massacre de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, em 2016, e o
Massacre de Colniza, no Mato Grosso, em 2017, não tenham consequências,
tais como, de restrição, suspensão ou fechamento nestes mesmos mercados à
importação de commodities produzidas pelo agronegócio nessas regiões.
A Avides como motivação dos ataques anti-indígenas
Em momentos de crise no sistema
capitalista, as grandes corporações intensificam suas iniciativas na
perspectiva de manter e ampliar as taxas de lucro, potencializando a
concentração de capital no mundo . Para tanto, atuam fortemente em todos
os níveis, para flexibilizar os direitos conquistados pelos
trabalhadores, para se apropriar de bens estatais por meio de
privatizações e para expandir a posse e a exploração de bens naturais.
O acesso, a exploração e a transformação de bens naturais em mercadoria
comercializável é um mecanismo de geração de lucro fácil e rápido. O
movimento expansionista vigente em toda a América Latina, e no Brasil em
especial, dá-se nessa perspectiva. As terras que estão na posse dos
povos indígenas e de outras populações tradicionais são ricas em bens
naturais. Por isso, essas áreas estão sob permanente assédio e o direito
sobre elas estão sob intenso ataque.
Os Povos Conscientes e em luta na defesa de seus direitos e projetos de vida.
Diante disso tudo, por óbvio, os povos
indígenas não ficariam de “braços cruzados”. O ataque sistemático e
violento aos seus direitos e às suas vidas faz com que se mobilizem em
todas as regiões do país. Nas aldeias, nas estradas, nas retomadas, nas
autodemarcações, nas incidências e mobilizações, no Brasil e em
instâncias multilaterais, continuam fazendo as denúncias contra os
projetos de morte do agronegócio e anunciando, em alto e bom som, que
estão vivos e que darão suas vidas pelo direito à Vida e ao futuro de
sus gerações em seus territórios demarcados e protegidos.
Continuidade e audácia do nosso compromisso com os povos indígenas.
Eu trago do 14º Acampamento “Terra
Livre”, de Brasília, os gritos dos povos indígenas para essa nossa
assembleia da CNBB: “demarcação já!”, “respeito aos territórios
demarcados!”, “respeito à vida dos povos indígenas”. O Relatório de
Violência contra os povos indígenas no Brasil nos obrigou, novamente, de
divulgar uma realidade triste. Dentre outras violências graves, mais de
650 casos de omissão e morosidade na regularização de terras, cerca de
600 óbitos de crianças de 0 a 5 anos, e dezenas de assassinados no ano
de 2015 foram registrados.
Até hoje, a defesa dos povos indígenas é uma luta pela vida e contra a
morte. Pecado não é apenas “matar índios”. “Pecado” significa também,
indiferença diante das ameaças de sua causa pelos três poderes,
ingenuidade de parcerias e indigenismo de gabinete.
Faz 10 anos que se realizou, aqui em
Aparecida, a Va Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do
Caribe. Lhes asseguro, caros colegas no ministério episcopal, que as
missionárias e os missionários do Cimi têm “um compromisso com a
realidade” (DAp 491), como o Documento de Aparecida (DAp) nos recomendou
e que esse compromisso “nasce do amor apaixonado por Cristo que
acompanha o Povo de Deus na missão de inculturar o Evangelho na
história” (DAp 491). Mas esse compromisso do testemunho pascal levou o
Cimi, muitas vezes, aos limites entre vida e morte. Celebramos este ano o
jubileu de dois mártires do Cimi: o salesiano Rodolfo Lunkenbein
(1939-1976) e o jesuíta Vicente Cañas (1939-1987), Rodolfo assassinado,
faz 40 anos, porque defendeu o território dos Bororo, Vicente, faz 30
anos, porque defendeu o território dos Enawenê Nawê. Rodolfo era
conselheiro do Cimi, Vicente sua consciência inquieta. Mas os primeiros
mártires da causa indígena foram os próprios índios.
Por fim, agradeço profundamente o apoio, o
envolvimento e o empenho da Presidência da CNBB em relação à causa
indígena no Brasil e, de modo particular, ao Cimi. Estou convicto de que
se não fosse isso, a situação descrita neste pronunciamento seria muito
mais grave.
Quero terminar essa comunicação com um
breve testemunho de Dom Aldo Mongiano, meu antecessor de Roraima. Ao
despedir-se da diocese, em 1996, D. Aldo escreveu uma Carta Pastoral que
poderia ser do apóstolo Paulo: “Fui espionado, sofri ameaças, insultos,
falsos testemunhos. […] Durante vinte anos, políticos, jornais e rádios
locais alvejaram atirando contra a Igreja de Roraima, lançando contra
mim e contra os missionários da Consolata as críticas mais venenosas e
as calúnias mais infames. […] Quando parti para Roraima, tinha comigo só
o passaporte, a passagem e o documento de Roma, no qual tinha sido
nomeado bispo. Quando fui embora, nem isso tinha” (Mongiano, Aldo.
Roraima entre profecia e martírio, Diocese de Roraima, 2011). Mas lutar
não foi em vão. Eis a nossa esperança também hoje. Faz tempo que o
território dos povos indígenas de Roraima e dos Bororo e dos Enawenê
Nawê do Mato Grosso foram demarcados. O martírio aponta para o núcleo da
esperança de uma causa aparentemente perdida, de uma causa que na
última instância e antecipadamente recebeu o veredito de Deus fiel e
justo: “serás livre e tua causa viverá”. Vivemos de esperança em
esperança, porque acreditamos: “Felizes os mansos, porque receberão a
terra em herança.” (Mt 5,5).
Dom Roque Paloschi
Arcebispo de Porto Velho, Rondônia, e Presidente do Cimi
Fonte CIMI