Quinto e
último dia da XV Viagem Apostólica do Santo Padre que o levou à
Polônia.O Papa deixou a sede do arcebispado de Cracóvia, na manhã deste
domingo (31/7) e se dirigiu, novamente, ao “Campus Misericordiae”, a 12
km., para presidir à solene Santa Missa de encerramento da XXXI JMJ.
Ao
chegar à localidade, o Pontífice abençoou uma das duas Casas que, depois
da JMJ, será dedicada à Assistência de idosos em dificuldade e pobres; a
outra servirá como sede da Caritas local.
Depois de aspergir,
com a água benta, as pessoas presentes, o ambiente e a imagem de Nossa
Senhora de Loreto, tomou o papamóvel e deu uma volta entre os milhares
de jovens que se encontravam no “Campus Misericordiae”, muitos dos quais
passaram a noite ali em oração e meditação diante do SS. Sacramento
exposto sobre o altar.
A seguir dirigiu-se à sacristia para se paramentar e dar início ao grande
evento do dia: a celebração Eucarística conclusiva da JMJ.
Concelebraram cerca de 1.200 bispos e arcebispos e mais de 15 mil
sacerdotes.
Em Cracóvia para encontrar Jesus
No
início da Santa Missa, o Cardeal-arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw
Dziwisz, fez uma saudação ao Papa e numerosos presentes. Depois, ao
pronunciar sua homilia, Francisco recordou inicialmente que os jovens se
encontram em Cracóvia para encontrar Jesus, com base no Evangelho de hoje que fala do encontro, Jericó, entre Jesus e um homem, chamado Zaqueu:
“Jesus
não se limita a pregar ou a saudar alguém, mas atravessa a cidade. Em
outras palavras, Jesus quer se aproximar da vida de cada um, percorrer o
nosso caminho até ao fim, para que a sua vida e a nossa se encontrem
concretamente”.
Assim dá-se o encontro tão surpreendente com
Zaqueu, o chefe dos Publicanos, isto é, dos cobradores de impostos.
Zaqueu era um rico, colaborador dos odiados romanos; era um explorador
do povo, uma pessoa que, pela sua má reputação, nem devia sequer
aproximar-se do Mestre. Porém, disse o Santo Padre, este encontro com
Jesus mudou a sua vida, como poderia acontecer com cada um de nós:
Baixa estatura, vergonha paralisante, multidão murmurante
“Zaqueu,
porém, teve que enfrentar alguns obstáculos para encontrar Jesus: pelo
menos três, que podem servir de exemplo também para nós: baixa estatura,
vergonha paralisante, multidão murmurante”.
Começando pelo
primeiro obstáculo, a sua “baixa estatura”, o Papa disse que Zaqueu não
conseguia ver o Mestre, porque era baixinho. Também hoje – explicou -
podemos correr o risco de ficar distante de Jesus, porque não nos
sentimos à altura, porque temos uma baixa estima de nós mesmos. Esta é
uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a autoestima, mas com a
fé:
“Jesus assumiu a nossa humanidade e o seu coração nunca se
afastará de nós; o Espírito Santo quer habitar em nós; somos chamados à
alegria eterna com Deus. Eis a nossa estatura, a nossa identidade
espiritual: não aceitar-nos e viver descontentes e de modo negativo
significa não reconhecer a nossa verdadeira identidade. Deus nos ama
como somos e nenhum pecado, defeito ou erro lhe fará mudar de ideia”.
Para Jesus, ninguém é insignificante
Para
Jesus, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante. Pelo
contrário, todos somos prediletos e importantes! Deus conta conosco pelo
que somos, não pelo que temos; ele nos aguarda com esperança, acredita
em nós e nos ama! Aqui, Francisco passou a explicar o segundo obstáculo
que Zaqueu tinha para encontrar Jesus: uma “vergonha paralisante”:
“Podemos
imaginar o que aconteceu no coração de Zaqueu, antes de subir ao
sicômoro: deve ter havido uma grande luta; por um lado, uma curiosidade
boa: conhecer Jesus; por outro, o risco de fazer um papelão”.
Zaqueu
era um personagem público, um líder, um homem de poder e sabia que, ao
subir à árvore, faria um papel ridículo; ele, porém, venceu a vergonha,
porque a atração por Jesus era mais forte. Ele estava pronto a tudo,
porque Jesus era o único que poderia livrá-lo do pecado e da
infelicidade. Quando ele o chamou, desceu imediatamente e colocou-se em
jogo. E o Pontífice exortou:
Apostem no amor
“Queridos
jovens, não tenham vergonha de apresentar-lhe tudo na Confissão:
fraquezas, cansaço, pecados, pois Ele os surpreenderá com o seu perdão e
a sua paz. Não tenham medo de dizer-lhe ‘sim’ com todo o entusiasmo do
coração, de responder-lhe com generosidade, de segui-lo. Apostem no belo
amor, que requer renúncia ao sucesso forçado e à droga de pensar só em
si e nas próprias comodidades”.
Por fim, depois da “baixa
estatura” e da “vergonha paralisante”, o Santo Padre explicou terceiro
obstáculo que Zaqueu teve que enfrentar: a “multidão murmurante”, que o
bloqueou e o criticou, dizendo que Jesus não devia entrar na casa dele,
por era um pecador. Como é difícil acolher Jesus e aceitar um Deus “rico
em misericórdia”! Mas, ele nos convida a ter coragem, a ser mais fortes
que o mal. Os outros poderão rir de nós por acreditarmos na força da
misericórdia. E dirigindo-se de modo particular aos jovens da JMJ,
Francisco deixou seu recado:
Nova humanidade
“Não
tenham medo, mas pensem nas palavras destes dias: ‘Felizes os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia’. Vocês poderão parecer
sonhadores em acreditar numa humanidade nova, que rejeita o ódio entre
os povos e as barreiras dos países, que mantém suas tradições, sem
egoísmos ou ressentimentos. Não desanimem! Com seu sorriso e braços
abertos transmitam esperança, pois vocês são uma bênção para a família
humana”.
Em
suma, enquanto a multidão criticava e julgava Zaqueu, Jesus levantou
seu olhar para ele, um olhar que vai além dos defeitos e pecados. Assim,
ele entrevê o bem futuro, não se resigna perante a obstinação, mas
busca o caminho da unidade e da comunhão; Jesus não se detém nas
aparências das pessoas, mas olha seu coração. E o Papa ponderou:
“Com
este olhar de Jesus, vocês podem criar uma nova humanidade, sem esperar
recompensa, mas buscando o bem, felizes de ter um coração puro e
lutando, de modo pacífico, pela honestidade e a justiça. Não sejam
superficiais, desconfiem das aparências mundanas. Mas, tenham um coração
que vê e transmite o bem, sem cessar. Contagiem o mundo com a alegria
que receberam gratuitamente de Deus.
Hoje, disse por fim
Francisco, Jesus nos diz, como fez com Zaqueu: “Desça depressa, pois
hoje vou ficar na sua casa”. Logo, a JMJ, poderíamos dizer, começa hoje e
continua em suas casas, porque é lá que Jesus vai encontrá-los, a
partir de agora. O Senhor não quer ficar apenas nesta bela cidade ou nas
belas recordações, mas agir em suas vidas: no estudo, no trabalho, nas
amizades, nos afetos, nos projetos e nos sonhos.
Tudo, porém,
recomendou o Papa, deve realizar-se na oração, na Palavra de Deus, no
Evangelho! Respondamos a Jesus que nos chama por nome. Façamos memória,
agradecidos, do que vimos e ouvimos aqui.
Fonte: Rádio Vaticano
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