
Quando falamos de vocação pode ser que
venha na nossa cabeça os sacerdotes, as freiras e os monges. Mas antes
dessas manifestações vocacionais, precisamos reconhecer o chamado de
Deus feito a cada um de nós, sem exceção, a viver a Vida Plena que Ele
veio trazer. A essa vivência plena da vida cristã chamamos
Santidade.
Os santos são aqueles que conseguiram fazer vida o projeto do Senhor
para suas existências. E isso é algo pelo qual nos alegramos e
celebramos. A memória dos santos nos faz ver que é possível viver o amor
de Deus e nos lembra que nós mesmos somos chamados a fazer o mesmo que
eles.
Além desse motivo, digamos,
motivacional, podemos entrar um pouco mais no mistério que é a Igreja e
começar a ver que os santos que estão no céu, assim como nós que ainda
peregrinamos e os que estão se purificando no purgatório, fazem parte do
mesmo Corpo de Cristo. A Igreja não é apenas essa que vemos com nossos
olhos concretos, esse edifício onde participamos da Missa e que amanhã
pode cair. A Igreja é muito mais do que isso e a comunhão dos Santos,
que professamos a cada Domingo na oração do Credo, nos mostra quão
intimamente unidos estão todos os católicos. O Catecismo coloca de forma
categórica: “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja”.
"O que não pode acontecer é que substituamos o culto à Deus com o culto a seus santos e santas".
Por essa comunhão espiritual tão intensa
é que falamos em uma intercessão dos santos pelos que ainda não
chegaram à comunhão plena com Deus. Assim como cada um de nós pode
interceder pelo irmão que está ao nosso lado, com mais razão os santos
que estão em plena comunhão com Deus podem olhar por nós e pedir por
nossas necessidades a Deus. Na Lumen Gentium lemos: “Pois,
assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos
aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a
Cristo...”.
O que não pode acontecer é que
substituamos o culto à Deus com o culto a seus santos e santas. São
cultos essencialmente diferentes onde reconhecemos que Deus é único e
que os santos não competem de maneira nenhuma com sua divindade, pelo
contrário, a faz resplandecer com grande variedade de tons, porque em
cada santo, único e insubstituível, brilha um aspecto do amor único do
Senhor.
Com isso em mente, podemos confiar as
nossas vidas com renovada confiança nesses nossos irmãos que nos
precederam na fé e que com o auxílio da Graça de Deus puderam fazer de
suas vidas uma oferenda agradável a Deus. Não precisamos ter medo de aproximar-nos aos santos
pensando que estamos tirando algo do amor que deveríamos dar apenas ao
Senhor, porque no fundo, se bem entendida e vivida a devoção, ela só vai
acrescentar à nossa fé e vida cristã.
Maria é a primeira discípula do Senhor e
a mais perfeita também. Dela podemos dizer com toda segurança que tudo
em sua pessoa aponta para Jesus. Amá-la com todo o nosso coração não
impede que tenhamos o coração também completamente entregue a Deus.
Parece um paradoxo, mas é que nas coisas espirituais não funciona a
mesma lógica que no mundo material. Nas coisas materiais, se damos algo,
ficamos com menos, mas se damos amor, maior é nossa capacidade de amar e
ser amado. Não precisamos ter medo de amar com um coração sincero,
desde que tenhamos claro o lugar de cada um, deixando sempre a Deus o
único lugar central.
Fonte: A 12
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