Na história da Igreja desde os tempos
antigos aos modernos, existiram mulheres que se destacaram por sua
dedicação ao Reino de Deus e por uma vida de santidade. Muitas delas
entraram no rol dos santos e suas histórias ganharam voz e adeptos de
seu exemplo de vida.
Entre essas inúmeras mulheres, sejam
santas, mártires, místicas, religiosas, leigas, mães...algumas ganharam o
título de "Doutora da Igreja Universal" por seu notório saber
teológico, ou seja, porque deixaram uma contribuição fundamental para a
compreensão de algum ponto da doutrina da Igreja e sua vivência.
Até hoje, a Igreja Católica reconheceu
36 doutores, entre os quais quatro mulheres: Teresa de Ávila, Catarina
de Sena, Teresinha de Lisieux e por último, em 2012, a monja beneditina
Hildegarda de Bingen.
Neste Dia Internacional da Mulher vale a pena recordar a história de vida dessas grandes mulheres da Igreja.
Teresa de Ávila
Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, viveu entre 1515 e 1582. Recebeu o título em 1970, pelo Papa Paulo VI.
Na missa em que concedeu este título a
Santa Teresa, Paulo VI disse que só de proferir o seu nome surgiam “uma
multidão de ideias” e seria impossível condensar em breves palavras a
imagem histórica e biográfica dessa santa.
Paulo VI lembrou Teresa como uma mulher
excepcional que irradiou ao mundo uma vitalidade humana e um dinamismo
espiritual incríveis e como reformadora e fundadora de uma Ordem
religiosa “insigne e histórica”. Ainda elencou inúmeros adjetivos:
escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida espiritual,
incomparável na contemplação e infatigável na ação. “Como é grande, como
é única, como é humana e como é atraente esta figura!”, disse.
Mas o que fez com que Teresa fosse
declarada Doutora da Igreja para Paulo VI foi a sua singular
contribuição como mãe e mestra da vida espiritual. Para ele, foi essa a
“luz mais viva e penetrante” que deixou como herança para toda a
Igreja.
“O grande bem que Deus faz a uma alma quando a prepara
para praticar com ardor a oração mental...porque a oração mental,
segundo o meu parecer, é simplesmente um modo amável de tratar que
muitas vezes empregamos ao falar a sós com Aquele que sabemos que nos
ama” (do livro Vida, de Teresa de Jesus)
Catarina de Sena
Também proclamada pelo Papa Paulo VI
como Doutora da Igreja, em 1970, a religiosa dominicana Catarina de
Sena, nasceu na Itália e viveu entre 1347 a 1380. Segundo Paulo VI, ela
recebeu o título pela “peculiar excelência de sua doutrina”.
“’A doutrina de Santa Catarina não era
adquirida; ela mostrava-se mais como mestra do que como discípula’,
declarou o próprio Pio II, na Bula de Canonização. Realmente, quantos
fulgores de sabedoria divina, quantas exortações à imitação de Cristo em
todos os mistérios da sua vida e da sua paixão, quantas admoestações
eficazes sobre a prática das virtudes, próprias dos vários estados de
vida, se encontram a cada passo, nas obras de Santa Catarina!”, disse
Paulo VI na homilia da missa de proclamação do título.
Catarina de Sena ficou marcada ainda
pela sua atuação em defesa da Igreja e do Papa, especialmente em fins da
Idade Média, quando inúmeros conflitos surgiram contra o Papa. Viajando
de cidade em cidade, Catarina interveio para o restabelecimento da paz,
sendo assim uma forte defensora do Papado. Dirigiu “exortações aos
Cardeais e a muitos Bispos e Sacerdotes, sem deixar de fazer fortes
repreensões, mas sempre com humildade e respeito pela sua dignidade de
ministros do Sangue de Cristo”, lembrou Paulo VI.
Em seu leito de morte deixou a seguinte oração como verdadeiro testemunho de fé e amor a Deus:
“Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da minha vida em beneficio do Corpo
Místico da Santa Igreja. Eu não tenho outra coisa para dar senão o que
Tu me deste. Tira o coração, portanto, e comprime-o sobre a face desta
esposa”.
Teresinha de Lisieux
Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa
Face foi proclamada Doutora pelo Papa São João Paulo II, em 1997. Nasceu
na França e viveu entre 1873 e 1897.
O título de Doutora dado a Teresinha foi
motivo de reflexão sobre o seu significado. Pois em sua curta vida -
apenas 24 anos - Santa Teresa de Lisieux não pôde frequentar uma
Universidade e nem sequer os estudos sistemáticos. A esse respeito João
Paulo II, refletiu na homilia em que concedeu o título à jovem.
“Entre os ‘Doutores da Igreja’, Teresa
do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente
itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé
expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam
digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais”.
São João Paulo II destacou que Teresinha
de Lisieux não só compreendeu a profunda verdade do Amor como centro e
coração da Igreja como a viveu com intensidade em sua breve existência.
“Pois a única finalidade das
nossas orações e dos nossos sacrifícios é ser apóstolo dos apóstolos,
rezando para eles enquanto evangelizam as almas por suas palavras e,
sobretudo, por seus exemplos…” (Manuscrito de Teresinha, n. 56)
Hildegarda de Bingen
Hildegarda de Bingen, a mística alemã,
foi proclamada Doutora pelo Papa Bento XVI, em 2012. A monja beneditina
viveu entre 1098 e 1179.
João Paulo II a definiu como “luz do seu
povo e do seu tempo”. Mística e teóloga, a religiosa também deixou
obras na área da medicina e das ciências naturais. Relembrar Santa
Hildegarda neste dia é fazer menção a uma das personagens femininas mais
interessantes daquele tempo.
Ao conceder o título a Hildegarda, Bento
XVI destacou o seu valor para o tempo presente: “No horizonte da
história, esta grande figura de mulher se define com clareza límpida por
santidade de vida e originalidade de doutrina. Aliás, como para
qualquer experiência humana e teologal autêntica, a sua importância
supera decididamente os confins de uma época e de uma sociedade e, não
obstante a distância cronológica e cultural, o seu pensamento
manifesta-se de atualidade perene”.
Ao ponderar o motivo que a Igreja considerou a grandiosa mística como Doutora da Igreja Universal, Bento XVI frisou:
“A atribuição do título de Doutor da
Igreja universal a Hildegarda de Bingen tem um grande significado para o
mundo de hoje e uma extraordinária importância para as mulheres. Em
Hildegarda resultam expressos os valores mais nobres da feminilidade:
por isso também a presença da mulher na Igreja e na sociedade é
iluminada pela sua figura, tanto na ótica da pesquisa científica como na
da ação pastoral. A sua capacidade de falar a quantos estão distantes
da fé e da Igreja fazem de Hildegarda uma testemunha credível da nova
evangelização”.
"E ouvi de novo uma voz do
céu, que dizia: 'Deus, que fez todas as coisas por Sua vontade, criou-as
para conhecimento e honra de Seu nome. Não somente para mostrar nelas
as coisas visíveis e temporais, mas para manifestar nelas as coisas
invisíveis e eternas. O que é demonstrado pela visão que contemplas.'"
(Pensamento de Hildegarda)
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